Alguns são apenas rostos, figuras sem expressão, estampas desbotadas, que se não incomodam, não fazem a mínima diferença. Outros, a maioria, são apenas corpos, um composto de tecidos, ossos, músculos... físico, organismo pulsante, de células táteis, matéria concreta, sangüínea, palpável... Às vezes, mas desejável do que necessária.
Nesse tempo em que vagam pelas ruas muitos rostos sem corpo e tantos mais corpos sem rosto, estranho mesmo é ver alguém inteiro, com rosto, corpo, alma e coração. Ser humano, nos dias de hoje, é ser civilizado, é saber viver em sociedade e interagir com metades perdidas, é se sentir sozinho no meio da multidão.
Ser humano, em nossos tempos, é ignorar a desgraça alheia, é se sentir invisível mesmo sob a luz de holofotes, é amargar em silêncio sofrimento, medo e desespero. Não sei se sou mais rosto ou se sou corpo. O fato é que já perdi a minha alma e o meu coração há muito tempo.
Um comentário:
"Esse discurso já deveria estar obsoleto!!"
Pior que eu acho que nunca vai estar... pelo menos até que algum baita milagre sem precedentes ou dúvidas aconteça.
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