quarta-feira, 16 de março de 2011

De soslaio

Algumas histórias começam ao acaso, in media res, e ficam abertas ad eternum. Foi assim com aquele pequeno grande sábio, homem simples, marcado pelo tempo e que, talvez por isso mesmo, exalava conhecimento.

Apesar da pele enrugada, os cabelos brancos, os passos que já eram lentos e a voz rouca, os olhos eram vivos como os de uma criança travessa:

Olhando, de soslaio, para o infinto. Olha-se para o infinito? E de soslaio?

Era um filósofo, questionar era seu ofício. Nenhuma pergunta lhe bastava quando o mundo lhe oferecia uma infinidade de respostas.

Cada qual encontra na Terra o paraíso que merece, o meu é livresco.

O pensamento era seu fiel companheiro. Muitas vezes era possível encontrá-lo absorto, com o olhar distante. Na mente, uma tempestade de ideias sempre constante.

Não há fórmula para se fazer poesia. O poema está sempre inacabado, não cessa e sempre se renova.

Seu próprio eu inspirava poesia, sua calma transmitia paz, sua sabedoria instaurava revoluções... Como conciliar os sentimentos mais fortes com o prosaismo do mundo?

A morte não pode atingir a essência da sabedoria.

O conhecimento é o único bem que se adquire por toda a eternidade.

Benedito Nunes
1929-2011

2 comentários:

Thiago Batista disse...

Bela homenagem!

Abs!

Jen__@ disse...

Q bonito!!!