quarta-feira, 10 de março de 2010

Ai

Há tempos não vivia dias como os que tenho passado ultimamente. Uma rotina dura, cansativa, esmagadora: trabalhar, estudar, estudar, trabalhar... Parece que tenho deixado de lado as sandálias, afinal! De repente, é como se os únicos momentos que tenho para relaxar são a hora do banho e quando volto pra casa, ouvindo música ao volante (e isso só quando o trânsito de uma Belém que já está ficando pequena para a quantidade de carros que possui em circulação não me deixa louca)!!
Essa semana, muito me assutou a previsão de uma professora que, em sala de aula, falou que vida acadêmica e vida pessoal definitivamente não podem ocupar o mesmo corpo humano no espaço. "Lista de supermercado e referências bibliogáficas são duas coisas que realmente não co-existem", disse. E eu sou o tipo de pessoa que acredita facilmente no que as outras pessoas dizem... "As meninas que fazem mestrado não se casam, os meninos que fazem mestrado não se casam, e, os seus únicos e melhores amigos passam a ser os livros", profetizou.
Isso me provocou um arrepio na espinha e uma dor aguda nas entranhas que se manifestou em um quase inaudível, mas que em muito sintetizou o que senti: AI!
E eu que sempre tive uma boa relação com os livros...
Começo a apresentar sintomas estranhos: um certo olhar vidrado, um embaralhamento de ideias, esquecimentos múltiplos e constantes, uma diminuição considerável das minhas horas de sono e uma falta de tempo crônica. Tudo isso por causa de páginas e mais páginas, frases e mais frases, parágrafos e mais parágrafos, palavras, palavras, palavras... Teorias diversas, conceitos escabrosos, postulados, formulações... Agora, leio romances por obrigação e não por lazer, e, ao invés de um por mês, cinco por semana.
Foram só duas semanas de aula até agora e já deu pra perceber que, realmente, o negócio não é mole, não! Nada de pudins pelos próximos dois anos...
Portanto, não estranhem se eu andar ausente dessas paragens. O sacrifício será por uma boa causa: uma tentativa, que prevejo extenuante, de pesquisar e entender a blogosfera, meu objeto de estudo. Se as forças positivas do universo assim permitirem, o esforço resultará em uma vasta, interessante e promissora dissertação de mestrado.
Só espero, depois disso, não acabar como uma solteirona seca, com olheiras, rugas, poucos amigos, citando Foucault em qualquer bate-papo de esquina e incapaz de fazer umas inofensivas compras de supermercado...
AI!

8 comentários:

Fazendo Moda disse...

Querida,
Não fique tão desesperada ou stressada. Os professores têm o péssimo hábito de exagerar...Não é fácil, o companheiro tem que ter paciência de Jó, aguentar todos os humores e ainda dar uma força na dissertação - lendo, revisando, enfim, ajudando como for possível!

Mas é possivel sim, conciliar as duas listas, não é para qualquer um - como quase tudo na vida! Bjs e boa sorte.

Fazendo Moda disse...

ah, e se depois desses dois anos infernais ele continuar ao seu lado - CASE, ELE É O CARA! rsrsrsr

Ed Santos disse...

Eu espero também fazer mestrado, então é bom eu ir me preparando para não ter mais vida social por pelo menos uns dois anos! Porém, e se depois eu quiser um doutorado?! (:o

Repórter de Sandálias disse...

Aí será vida social zero por mais quatro anos... AI AI AI AI! Rsrsrsr!

CrápulaMor disse...

Meu Deus, que horrível! Eu, sem meu momento de ócio criativo, não seria nada. E as horas diárias online? Como viver sem elas? Eu não conseguiria por muito tempo, não. Mas isso não significa que eu tenho conciliado com competência a lista de bibliografia e a lista de compras. Aliás, tenho comido muito mal e lido muito menos do que deveria. Enfim, ossos do "não-ofício".

Alan Araguaia disse...

Enquanto isso tô em busca de um objeto que me instigue... também achei a profecia da professora um tanto exagerada.

bjo

Jen__@ disse...

pessoas muito sábias sempre são incompreendidas e solitárias... afinal, tudo tem seu preço...tu não tens mais tempo nem pra conversar com a irmã no msn... hahahah, mas achei a professorta meio exagerada também, vc vai conseguir equilibrar a coisas, tenho certeza...
bjinhos

A prima disse...

HAHAHAHAHA!!!!!!!

Ótimo o texto, final maravilhoso! :D

É, prima, rapadura é doce mais não é mole, não!

Mas você dá conta; sempre deu e por isso se tornou essa mulher reponsável e inteligente. Professores fazem terrorismo mesmo - senti algo de pessoal no comentário da tua: ela deve ser a solteirona que nem supermercado faz, e quando isso acontece ainda corrige o atendente.

Pausa para parêntese:
(A intelectual de Letras foi à padaria e perguntou pro atendente:
-Há pão? (pois, afinal de contas, quando o sentido é de existir o verbo utilizado é 'haver' e blábláblá)
E o padeiro:
-Não, minha senhora... A pão, não; O pão!)

hahaha, sacou? Não, né? Ficava melhor falada do que escrita... :D

Por isso, estude. Mas domingos e feriados, se atire, porque se jogar é pouco!