quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Belém 40º


Foto de Manoel Neto*

Essas tardes belemenses estão cada vez mais quentes. Tanto, que vai batendo uma agonia de ter as pernas coladas no plástico da cadeira ou a costa molhada de suor no contato com o lençol que somos obrigados a sair de casa sem destino em busca de aventura e "colher as flores que nascem no asfalto".

Com disposição e criatividade é possível ver a cidade tomando cores e formas nunca antes percebidas. É só colocar a voz do Humberto Gessinger no volume máximo e deixar o vento assanhar os cabelos enquanto se canta em alto e bom som: "se faltar calor, a gente esquenta", "se ficar pequeno, a gente aumenta", "se não existir, a gente inventa".


A melhor parte é que, se a imaginação falhar, sempre haverá a opção de ir parar na beira do rio, privilégio de quem mora nesta terra de águas férteis e verão de um ano inteiro. Uma cervejinha pra refrescar, uma conversa animada, o cheiro de outubro chegando, um belo pôr-do-sol e pronto: não quero outro lugar pra viver.

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Em tempos de Círio, até quem não é daqui se sente mais paraense. Salve, salve a Nazinha!

:)

*OBS.: A foto fantástica lá no topo foi gentilmente emprestada pelo amigo, fotógrafo profissional, que também é professor de Física nas horas vagas, Manoel Neto. Para conferir outras imagens belíssimas da "Belém das Águas", clique aqui.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vai dar samba

Eu gosto de arroz quentinho. Sorvete é a minha sobremesa preferida. E o que me atrai em alguém é a inteligência. Essas são algumas coisas sobre mim que pouca gente sabe. Sempre tive dificuldade de me mostrar, de falar de mim mesma ou de ser parecida com outras garotas da minha idade.
Lembro que quando eu tinha entre uns 12 e 15 anos, enquanto minha irmã ia shopping com as amigas e minhas primas assistiam Malhação, eu ia visitar o meu avô. Cabelos ralos e brancos, o couro cabeludo à vista. Magro, sorriso carinhoso, voz mansa... me chamava de "Jessinha".

Eu ia vê-lo no fim da tarde. Bastava atravessar a rua. Ele sempre estava em casa, deitado na rede atada em frente à TV. Gostava de novelas. Essa deve ser uma das delícias da velhice: o imenso tempo livre, que ele preenchia também com passeios na calçada do Bosque, boa música e boa literatura.

Era quase um ritual. Meu avô me perguntava sobre a escola, em seguida me mostrava seus livros e seus discos. Ele me apresentou a Divina Comédia, de Dante Alighieri, e me fez ouvir com um pouco mais de simpatia as música de um rei pré-fabricado. Guardava a coleção do Roberto Carlos como uma relíquia. Até hoje me lembro dos vinis empilhados, cada um no seu respectivo saquinho plástico, próximo ao toca-discos. Isso mesmo, um toca-discos!

É claro que, como qualquer adolescente, também vivi a fase em que dancei É o tchan em frente ao espelho, fui ao show do Netinho e comprei CDs dos Hanson, Spice Girls e Backstreet Boys (todo mundo tem um passado negro), mas graças às visitas que fiz ao meu vôzinho, desenvolvi o gosto pela leitura e descobri que era possível diferenciar a boa música daquela que ouvia só por diversão.

Meu avô foi um comerciante de mão cheia, ao modelo dos antigos caixeiros viajantes. Não fez faculdade, mas foi o homem mais culto que eu já conheci. Até hoje me lembro dele quando ouço Roberto Carlos ou então Chico Buarque, Elis Regina, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Noel Rosa, Tom Jobim...



Por esses dias, veio parar em minhas mãos um DVD do Gonzaguinha. Preciosidade da música popular brasileira. Pura poesia musicada, em ritmo de samba, encontrado escondidinho entre o tecnobrega, o funk e o sertanejo, a R$ 2,50, na banca de piratas do terminal rodoviário da UFPA. Ouvi e me lembrei daquelas tardes que passava com meu avô.

Bons tempos aqueles! Não falo do tempo da minha adolescência: fase complicada para uma criatura mal ajustada como eu... Falo, sim, dos tempos da bossa nova, do samba canção, do ie ie ie e da jovem guarda, que me fazem sentir saudade de uma época que eu nunca vivi. A música é velha, o estilo antigo e a composição um tanto quanto ultrapassada, mas a mensagem permanece atual e a melodia agradável aos ouvidos, à alma e ao coração.



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Eu estava sozinha em casa, em uma daquelas tardes, quando, no número 5 da rua em frente, meu avô morreu. Parada cardíaca. Encontrei ele na rede, um livro no colo. No toca-discos, Gonzaguina cantava "É a vida, é bonita e é bonita...".

Vô, esse samba é pro senhor!

Saudade ;)


Para ouvir outras músicas inesquecíveis, clique aqui. Alguma dessas já marcou momentos de sua vida? Me conta!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Realidade de mentirinha

Está no ar a vida fácil e fútil sob o olhar de Manoel Carlos. As novelas do Maneco são famosas por trazer uma visão particular sobre o cotidiano, por colocar no horário nobre dramas comuns a todos os seres humanos... Será?

De fato, o divórcio, por exemplo, que é um dos conflitos vividos por Lília Cabral no papel de Tereza na nova "Viver a Vida", ocorre em todas as classes socias. Mas a separação da novela das oito requer a difícil decisão sobre quem vai ficar com o jatinho e quem vai ficar com a mansão de Búzios: isso em nada se aproxima da vida real, na minha opinião.

Não acredito que as pessoas comuns se identifiquem com os personagens de Maneco, a não ser uma minoria de classe média alta. O povo que é o povo assiste não porque se encontra nesses melodramas vazios e elitistas, mas para fugir da vida dura e sem graça do "cotidiano do dia a dia diário".

Os faniquitos de uma modelo mimada, como os interpretados por Aline Moraes na nova novela, para alguns, pode ser muito mais divertido do que a simples realidade. "Sei lá, sei lá. A vida é uma grande ilusão", como diz a música de Toquinho e Vinícius, cantada por Chico Buarque e Miúcha na abertura de "Viver a Vida" (ouça aqui).

A "vida real" de Manoel Carlos só existe na telinha do horário nobre, quiçá nos últimos dois minutos do capítulo do dia, quando um telespectador dá um depoimento de não-ficção, recorrente nas histórias do autor, assim como a protagonista Helena, que dessa vez é negra, rica e super modelo (Taís Araújo). Ela seria uma em um milhão na sociedade brasileira se não fosse pura fantasia!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Aos curiosos

Para quem quiser saber: "entre mortos e feridos salvaram-se todos". Eu até que me saí bem na mesa-redonda sobre "Blog: teconologia, comunicação e moda", que fez parte da programação do evento "Café com Moda", promovido pela Unama, no último dia 14/09.

No início, fiquei nervosa, mas depois engatei a primeira e segui "de com força", embora com leves solavancos no inevitável "é... é... é...". Mas creio que não foi nada mau para uma palestrante de primeira viagem como eu.

Não! Não postei vídeo algum no youtube com a minha performance. O meu mico foi exclusivo para a plateia muito bem representada por jovens autênticos e bem vestidos, alunos do curso de Bacharelado em Moda, cujos olhares atentos e sagazes deti em minha direção pelos 15 minutos mais longos da minha existência.

Aqui, basta a informação de que consegui passar o recado que pretendia dar sobre o blog enquanto ferramenta de comunicação em potencial. E acho que o povo gostou, pois houve muitas perguntas e as falas dos integrantes da mesa meio que se complementaram.

No mais, devo ter conquistado alguns novos leitores. A estes: "Sejam bem-vindos"!

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Não deixe de visitar o blog lançado na ocasião pelos futuros estilistas e fashionistas da Amazônia. O Fazendo Moda já está no ar! Vale a pena dar uma conferida no talento dessa turma. As ideias estão quentinhas, saindo do forno.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A minha versão dos fatos


Dando certa continuidade ao post anterior, quero falar um pouco mais sobre esse novo, que nem é tão novo assim, espaço de comunicação oportunizado pelo avanço da tecnologia: os blogs. Criados em 1999, os diários on line, como são chamados, ganharam adeptos em todo o mundo, sendo o Blogger.com, mais conhecido como blogspot, o principal expoente do movimento Weblog no planeta, com mais de 15 milhões de usuários cadastrados.

Na minha pretensão de investigar o assunto para um futuro projeto de mestrado, já até aprendi algumas coisinhas interessantes. E, para minha surpresa, esse mês, fui convidada a relatar minha experiência com o Repórter de Sandálias em uma mesa redonda sobre "Blogs: tecnologia, comunicação e moda". Imaginem só, euzinha! A única coisa que sei sobre moda é que não se deve usar top com calça da Gang numa entrevista de emprego. Mas de comunicação, digamos, eu entendo um pouquinho.

Enfim, aceitei o convite. O Repórter de Sandálias não é nem um campeão de acessos e a minha caixa de comentários jamais excedeu a metade de uma dezena (eufemismo para o número 5). No entanto, é um blog e, com ele, dá para se ter uma ideia sobre esse novo estado de coisas que nos permite produzir e consumir informações através da internet. O que estamos presenciando é o nascimento de uma cultura de massa vitaminada pelas potencialidades da World Wide Web. E se você não pode ir contra ela, é simples: junte-se a ela e torne-se um blogueiro você também!

O movimento da maré é exatamente esse. A cada dia, 75 mil novos blogs são criados na rede sobre os mais variados assuntos: jornalismo, literatura, esporte, religião, moda, culinária, cinema, política, artes... uma gama enorme de editorias que deixam qualquer jornalão ou revista de variedades no chinelo (ou sandálias, se preferirem). É nesse sentido que eu diria que os blogs são espaços, sobretudo, democráticos porque permitem a qualquer um ter o seu quinhão no ciberespaço e a todos terem qualquer tipo de informação, podendo, inclusive, comentar sobre elas (menos no blog do presidente Lula, onde não há espaço para comentários do leitor: medo de ser criticado, talvez?!).

Ter ou ler um blog, portanto, significa tornar-se público, seja como produtor seja como consumidor da informação, além de estabelecer um canal de interatividade e interconexão de saberes, ideias ou pontos de vista, que podem ser compartilhados ou contrariados, por internautas do mundo inteiro (vá lá, pelo menos do Brasil, quiçá de Portugal: acesse aqui o mapa de acessos do Repórter de Sandálias).

Sem querer antecipar tudo o que eu pretendo falar durante a mesa-redonda para não ser colocada a prova por universitários sedentos de conhecimento (minha Nossa Senhora das mãos suadas, voz engasgada e joelhos tremelicantes há de me ajudar!), ouso dizer que os blogs, hoje, oferecem-se como alternativas de divulgação aos padrões engessados e, às vezes, inatingíveis, "ofertados" pela grande imprensa e a mídia em geral.

Mas, cuidado! Embora a ferramenta (ou canal) possibilite a parcialidade e o relato subjetivo da realidade, é preciso estar atento ao feeling de abordagem para não se aventurar com textos (ou posts) por demais egocêntricos. Se você não é a Luly, a Glória Kalil ou o Paulo Coelho (grande coisa!), concentre-se em "blogar" sobre assuntos que avalie como sendo de interesse público. Ainda que seja você a primeira pessoa do seu texto, é o leitor que sempre tem razão.

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A mesa-redonda "Blogs: tecnologia, comunicação e moda" faz parte da programação do Café com Moda, que ocorrerá na Unama da Alcindo Cacela, na próxima segunda-feira, dia 14, às 19h. Não apareça! Rsrsrrs!


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Democratizando a informação

Ele apareceu como um diário virtual, um registro informatizado sobre a vida e os pensamentos de alguns. Hoje, mais de uma década depois, quase todo mundo tem um. Até o presidente da República (acesse aqui o Blog do Planalto).

Ontem, 31 de agosto, foi o dia do blog.

Segundo o site www.blogday.org, o dia foi criado para que blogueiros de todo o mundo tivessem uma data dedicada a indicar outros cinco blogs que achassem interessantes. Assim, os leitores dos blogs conheceriam outros diferentes blogs, no espírito democrático da internet de espalhar a informação.

Aqui vão minhas indicações, mas a minha lista tem seis blogs.

  • Jornalismo
Jornal Pessoal

  • Política
Crápula-Mor

  • Literatura
Todoprosa

  • Cinema
Interferência

  • Moda
Cadicoisa

  • Humor
Bêbadogonzo

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Vale a pena conferir. A informação é grátis e de qualidade.

Ah, e esse post tem trilha sonora. Clique aqui.