Sim. Sou mais uma jornalista com muitas coisas a dizer que se aproveita deste espaço de livre expressão para dar corpo a nuances de uma mente inquieta. Jovem, recém-formada, desempregada, cheia de sonhos e expectativas, são mais alguns dos adjetivos que compõem o estereótipo dos blogueiros de plantão, grupo do qual decido fazer parte a partir desse exato instante.
A verdade é que essa é uma fase crucial na vida das pessoas. O momento em que nos deparamos, pela primeira vez, com o resto de nossas vidas. Nós já aprendemos a falar, já descobrimos que colocando um pé a frente do outro podemos nos locomover, já percebemos que fazemos parte de um universo muito maior do que aquele formado pelas quatro paredes de nosso refúgio doméstico, já freqüentamos a escola, escolhemos uma profissão... e, agora, precisamos produzir para consumir.
Alguns sortudos se sentem à vontade nessas circunstâncias. Conseguem um bom salário em troca de atividades como pressionar botões, trocar parafusos ou quebrar pedras; só enxergam aquilo para o qual foram treinados para ver e levam uma vida comum, com rotinas socialmente aceitáveis e recomendáveis, alheios a tudo que possa subverter a ordem de seu confortável cotidiano, desde que, no fim de um mês de muito trabalho, consigam manter gastos com roupas de marca, carros do ano, TVs de plasma e outros artigos de última geração.
Outros, fadados a noites de insônia e repentes esquizofrênicos de ansiedade, motivados muito mais pela falta de oportunidades do que por uma pré-disposição ao questionamento, percebem que algo está errado e se recusam a se render à mediocridade da vida pós-moderna. Afinal, como diria o sociólogo italiano Domenico de Masi, se a necessidade é a mãe das invenções, o ócio é, então, o pai das idéias.
Para além de toda essa filosofia de boteco, o que quero dizer é que aproveitarei esse espaço e o meu longo tempo livre para dar vazão a todo tipo de pensamento que me leve a visualizar a realidade com cores diferentes daquelas com que vem camuflada. Ao invés de me entregar à preguiça, ao sedentarismo e à alienação, enquanto minha vida não segue o ciclo natural do nascer, crescer, estudar, arrumar emprego, etc., etc., vou exercitar minha habilidade racional para assimilar de tudo e de todos a minha volta muito mais do que o óbvio. O meu ócio será criativo.
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