quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quem não arrisca, não petisca

Os jogos de inverno, definitivamente, tiraram o brilho do Jornal Nacional. Mas não é de hoje que a concorrência entre o JN e o Jornal da Record está páreo a páreo. Para alcançar o primeiro lugar no ibope, vale tudo. O que dirá o JR!!

O showzinho disfarçado de telejornalismo que vai ao ar somente aos fins de semana, na Rede Globo, com o Fatástico, é exibido diarimente no canal do bispo em "horário nobre", ainda mais com a apresentação ao vivo das olimpíadas pela Ana Paula, que, aliás, perdeu totalmente o padrão... E isso aconteceu desde o primeiro passeio que ela foi dar lá pelas bandas do SBT.

Trocadilhos à parte, quem não se lembra da classe que tinha o olhar da jornalista ao trocar de câmera no Jornal da Globo numa postura séria e super profissional. Talvez seja caretisse minha ou talvez seja só o meu cérebro que esteja com dificuldades para processar a imagem da Ana Paula Padrão, na Rede Record, em uma figura um tanto quanto histérica, irritantemente sorridente e extremamente empolgada, como aparece ao ancorar a transmissão de Vancouver.

Mais incomum ainda é notar a utilização de vocabulários como "pimba", em referência a quedas de patinadoras no gelo, e o destaque dado a reportagens, exibidas em tom de seriedade, como a da saga de um carangueijo gigante canadense que saiu do aquário do restaurante direto para a panela.

Esse, quem sabe, seja o castigo do profissional que troca a emissora que lhe levou ao topo do sucesso por maiores salários e promessas de fama. Veja o que aconteceu com Ana Paula Padrão, Carlos Nascimento, Mônica Waldvogel, Roberto Cabrini, Paulo Henrique Amorim, Cláudia Cruz, Marcelo Rezende, José Luiz Datena, dentre tantos outros... Como "quem não arrisca, não petisca", é preciso se adaptar!!

Assista aqui às últimas edições do JR.



domingo, 21 de fevereiro de 2010

Esse rio é minha rua

Dizem que às seis horas da tarde os rios da Amazônia não pertencem a ninguém, a nenhuma criatura humana. É nesse horário que a natureza toma conta das águas e liberta os encantados. Como que, ainda hoje, a cultura amazônica pode ser tão povoada por narrativas míticas e de cunho fantástico?

Em um ritmo alheio ao de qualquer grande cidade, a Ilha do Marajó é um paraíso verde, banhado por ondas insalubres, da cor de terra molhada. Lá, a subsitência provém da natureza, do que permite o clima, da consistência do leite de búfala, que depende da quantidade de chuvas que cai e da cheia dos rios, que fazem render o capim, as mangas, os peixes, os tucumãs...

Até o
boto acompanha os pescadores somente na hora da chuva, ele vai mostrando o caminho, como se fosse o momento em que o céu abençoasse as águas. Mas quando o barco é forasteiro, ele brinca, engana, trapaceia, mete medo... Cinco dias na ilha, cinco dias em que fiquei com os olhos atentos para ver nem que fosse de relance essa criatura tão cercada de significados.


Mesmo sendo amazônida, eu compreendo porque, talvez, o boto me tenha visto como estrangeira naquelas terras marajoaras. Sou gente de zona urbana, da turma que chega fazendo barulho e mudando a paisagem.

Ainda que saiba admirar as belezas do lugar, não pertenço a ele, meus costumes são outros, meus valores não são os mesmos do povo de lá. Se para mim o rio é rua, para o marajoara é o peito, é a alma, é essência de vida e fé. Quisera eu merecer, um dia, desvendar os encantos dessa maré.

Esse post tem trilha sonora, clique aqui.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

E o verbo se fez byte

Quando o que se quer dizer extrapola as palavras....

É interessante perceber o quanto as linguagens cada vez mais convergem para um hibridismo curioso. Hoje, o que não se pode dizer com palavras se expressa
em imagens, cores e sons.

A poesia, que antes se limitava à escrita, agora, é visual. O sentimento do outro é quase palpável, mas a interpretação permanece como um signo aberto.

Mudam-se os meios, mudam-se as formas, são diferentes as mensagens, diversos os discursos, mas o princípio é o mesmo: comunicar.


O que há no verso da página que eu não posso virar??