segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Síndrome de carpe diem

"Sê sábia, filtra o vinho e encurta a esperança,
pois a vida é breve. Enquanto falamos, terá fugido
ávido o tempo: Colhe o instante, sem confiar no amanhã"

Tem certos caminhos na vida que percorremos de olhos fechados. Para outros, precisamos ter os olhos bem abertos, e ainda assim, são como saltos no escuro. Aviso desde já que este aqui é um post bem clichê.

Ao tomar direções, ao pensar no futuro, tenho medo de sair de mim, medo de ser livre, de perder o controle sobre minhas emoções. Medo de ser eu mesma. Às vezes, sinto como se tivesse que curtir a vida toda em um segundo. Outras vezes faço planos como se tivesse a vida inteira pela frente. É quase como um comercial de banco: uma mensagem de
carpe diem com a advertência do "faça com moderação" nas entrelinhas.



O que me conforta é que a natureza do ser humano é mesmo a contradição. Só que também tenho medo de ser mais uma dessas pessoas que andam por aí com a humanidade perdida. Tenho medo de me deixar levar e me habituar à cegueira dos instintos.

É assim que percebo que tenho duas faces. Quem é que não tem? Só não sei qual delas reflete o meu verdadeiro eu. Se é a que segue as regras ou se é a outra. A menina independente de valores, que tem suas próprias convicções. Ou a disciplinada, obediente. Minha consciência ainda pesa em certas situações. Mas, em outras, sou tão dona de mim...

Não sei se é aí que está o equilíbrio da minha trivial existência. Ainda não consegui entender. Talvez seja só a vida querendo me ensinar a jogar, me fazendo amadurecer... Quem sabe daqui algum tempo poderei dizer que aprendi e que me encontrei, ou então, terei me perdido de vez.

Neste fim de ano, decidi não fazer planos. Creio que, dessa vez, 2010 vai começar diferente pra mim. Embora eu quase sempre volte pra casa, longe, a placa anuncia a curva, e esse caminho, eu não sei onde vai dar. Devo manter os olhos fechados?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Como me inscrever no tempo que me escreve?

Agora que os bem-te-vis bateram em revoada eu já posso dizer para mim mesma: "Relaxe! Concentre-se. Tire da cabeça qualquer outra ideia. Deixe que o mudo ao redor se esfume no indistinto. Melhor fechar a porta, do lado de fora, a televisão está sempre ligada". É assim que se inicia um dos romances do escritor Italo Calvino, "Se numa noite de inverno um viajante".

Coincidentemente, foi isso que eu pensei tantas milhares de vezes antes de começar a ler um bom livro. O meu ritual particular! É interessante como nosso cotidiano é cheio de pequenos rituais: o que fazemos ao acordar, antes de dormir, a ordem das coisas ao iniciarmos nossa jornada de trabalho... mas isso é assunto para um outro post.

Hoje vou rememorar a época em que mais li em toda a minha vida. Aos 16 anos, eu trabalhei em uma biblioteca. Lembro bem do cheiro das prateleiras empoeiradas. Vez ou outra dava pra ver uma traça se esgueirando por entre páginas amareladas. Aquele lugar tinha o ar denso e eu adorava. Devorava uns cinco livros por semana feito um filhotinho de traça em fase de crescimento.

Carlos Heitor Cony, Eça de Queiroz, José Saramago, Gabriel Garcia Marquez, Clarice Lispector, Machado de Assis... meu querido Machado. Eu me desligava de tudo e mergulhava no universo desses personagens de papel. Foi quando eu decidi que queria ser escritora. Eis que, sete anos depois, eu sou jornalista! Ironia do destino? A esperança é a última que morre...

Esse meu apego às palavras, a sensação de catarse que tenho ao riscar uma caneta num papel ou digitar um teclado é bastante antiga. Eu ganhei um concurso de poesia aos 11 anos. Aos 15, escrevia cartas para ninguém e deixava nos bancos dos ônibus que eu pegava na volta da escola (já era meio doidinha...). Dos 18 em diante, foram sempre as redações que me salvaram em todos os vestibulares e concursos públicos que prestei. Tenho até hoje os diários da minha adolescência e insisto em manter esse blog, talvez, por pura vaidade.

Embora não trabalhe mais naquela biblioteca, ainda guardo comigo o afeto pelos livros e o sonho de, um dia, ser escritora. O que acontece é que, agora, vou tentar voltar atrás e reanimar o amor platônico que sempre cultivei pela literatura. Ele ficou um pouco de lado quando me deixei seduzir pelo jornalismo. Já justificando antecipadamente a minha ausência, estarei estudando para ingressar no mestrado em Estudos Literários e tentar recuperar o tempo perdido.

Porém, como Saramago, não hei de ser tão radical. Digamos que, nesse ínterim, "se alguma vez sentir necessidade de comentar ou opinar sobre algo, virei bater à porta deste querido blog, que é o lugar onde mais a gosto poderei expressar-me".

Desejem-me sorte!!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Paranóia

Hoje caiu uma daquelas chuvas que anunciam a lua cheia... E, ultimamente, eu ando meio assombrada, sonhando com bem-te-vis cantando na minha janela.
Para completar a onda de maus presságios, hoje também morreram o mestre Verequete e o Claude Lévi-Strauss.
Uma coisa pode não ter nada a ver com a outra, mas é rapidinho que a minha mente insana entra em parafuso e cria várias associações que podem render uma noite em claro.
E eu que nunca fui supersticiosa me vejo agora fazendo figas, rezando a Deus, santos e orixás...
Se esse bem-te-vi não sumir logo, eu juro que atiro pedras, quebro com minhas próprias mãos o pescoço dele e ainda arranco as penas!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Entre 4 paredes

Já faz dias que penso em mil coisas sobre as quais gostaria de escrever e postar aqui, mas as palavras não fluem mais como antigamente. Há tempos não consigo me concentrar em uma ideia. Tenho vários textos começados, mas a maioria incompletos...

É engraçado perceber, afinal, que nem tudo na vida tem início, meio e fim. Nem todos os seres humanos conseguem alcançar a façanha de todas as etapas cumpridas, cada uma a seu tempo. O que eu quero dizer é que a vida (pelo menos a minha) está longe de ser uma linha reta. E isso é fato. Vejam os exemplos da literatura e do cinema: as melhores histórias são as que não começam pelo começo.

Calma, não vou dissertar sobre Matrix nem nada do gênero. Na verdade, não sei qual a finalidade desse post. Talvez ele nem tenha uma, a não ser a vontade de encontrar alguém que leia isso e me diga que eu não sou a única louca a olhar pela janela, às vezes, e sentir como se o mundo lá fora girasse em outro ritmo, diferente de como gira aqui dentro entre as minhas quatro paredes. É como se eu pudesse desprender minha alma e fazê-la dançar uma valsa, enquanto meu corpo estremece e vibra ao som de um bom e velho rock'n roll.

Eu gosto de ver tudo numa lentidão alucinada, de sentir as coisas fervendo em um frio extenuante. Sei que não faz sentido. Isso é porque as antíteses são charmosas, embora as metáforas é que estejam sempre comigo. E é por isso que, se eu fosse escolher um formato para definir a vida, a minha não seria uma reta ou um círculo nem mesmo linhas em paralelo. A minha vida tem 4 lados. Sempre. São momentos que iniciam, vão ao clímax e terminam em um único enquadramento, que pode se repetir, mas não segue um contínuo.

Não, por mais que pareça, não fumei um antes de escrever essas loucuras, rsrsrs!! Na verdade, isso pode ser um outro sintoma... Para minha própria surpresa, dia desses, me vi discordando de alguém que comentava algo a respeito sobre a possível "morte do amor". Se alguma vez eu disse isso (e sei que disse muitas vezes), me concedo aqui, hoje, o benefício da dúvida.

Talvez o amor ainda não tenha morrido. Talvez ele esteja apenas escondido ali entre o início, o meio e o fim, uma das etapas do todo que eu ainda não vivi. Ou ainda, talvez, ele tenha surgido e passado despercebido, como num desses breves instantes que a vida faz eternos na lembrança. Não tenho certeza, nunca tive, mas estou disposta a descobrir...

sábado, 10 de outubro de 2009

Vigília

Essa é a época em que a cidade demora a dormir. Já é tarde e todas as luzes continuam acesas. E é incrível como o brilho atrai...





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Para ver imagens do Círio de Nazaré, clique aqui e aqui.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Belém 40º


Foto de Manoel Neto*

Essas tardes belemenses estão cada vez mais quentes. Tanto, que vai batendo uma agonia de ter as pernas coladas no plástico da cadeira ou a costa molhada de suor no contato com o lençol que somos obrigados a sair de casa sem destino em busca de aventura e "colher as flores que nascem no asfalto".

Com disposição e criatividade é possível ver a cidade tomando cores e formas nunca antes percebidas. É só colocar a voz do Humberto Gessinger no volume máximo e deixar o vento assanhar os cabelos enquanto se canta em alto e bom som: "se faltar calor, a gente esquenta", "se ficar pequeno, a gente aumenta", "se não existir, a gente inventa".


A melhor parte é que, se a imaginação falhar, sempre haverá a opção de ir parar na beira do rio, privilégio de quem mora nesta terra de águas férteis e verão de um ano inteiro. Uma cervejinha pra refrescar, uma conversa animada, o cheiro de outubro chegando, um belo pôr-do-sol e pronto: não quero outro lugar pra viver.

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Em tempos de Círio, até quem não é daqui se sente mais paraense. Salve, salve a Nazinha!

:)

*OBS.: A foto fantástica lá no topo foi gentilmente emprestada pelo amigo, fotógrafo profissional, que também é professor de Física nas horas vagas, Manoel Neto. Para conferir outras imagens belíssimas da "Belém das Águas", clique aqui.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vai dar samba

Eu gosto de arroz quentinho. Sorvete é a minha sobremesa preferida. E o que me atrai em alguém é a inteligência. Essas são algumas coisas sobre mim que pouca gente sabe. Sempre tive dificuldade de me mostrar, de falar de mim mesma ou de ser parecida com outras garotas da minha idade.
Lembro que quando eu tinha entre uns 12 e 15 anos, enquanto minha irmã ia shopping com as amigas e minhas primas assistiam Malhação, eu ia visitar o meu avô. Cabelos ralos e brancos, o couro cabeludo à vista. Magro, sorriso carinhoso, voz mansa... me chamava de "Jessinha".

Eu ia vê-lo no fim da tarde. Bastava atravessar a rua. Ele sempre estava em casa, deitado na rede atada em frente à TV. Gostava de novelas. Essa deve ser uma das delícias da velhice: o imenso tempo livre, que ele preenchia também com passeios na calçada do Bosque, boa música e boa literatura.

Era quase um ritual. Meu avô me perguntava sobre a escola, em seguida me mostrava seus livros e seus discos. Ele me apresentou a Divina Comédia, de Dante Alighieri, e me fez ouvir com um pouco mais de simpatia as música de um rei pré-fabricado. Guardava a coleção do Roberto Carlos como uma relíquia. Até hoje me lembro dos vinis empilhados, cada um no seu respectivo saquinho plástico, próximo ao toca-discos. Isso mesmo, um toca-discos!

É claro que, como qualquer adolescente, também vivi a fase em que dancei É o tchan em frente ao espelho, fui ao show do Netinho e comprei CDs dos Hanson, Spice Girls e Backstreet Boys (todo mundo tem um passado negro), mas graças às visitas que fiz ao meu vôzinho, desenvolvi o gosto pela leitura e descobri que era possível diferenciar a boa música daquela que ouvia só por diversão.

Meu avô foi um comerciante de mão cheia, ao modelo dos antigos caixeiros viajantes. Não fez faculdade, mas foi o homem mais culto que eu já conheci. Até hoje me lembro dele quando ouço Roberto Carlos ou então Chico Buarque, Elis Regina, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Noel Rosa, Tom Jobim...



Por esses dias, veio parar em minhas mãos um DVD do Gonzaguinha. Preciosidade da música popular brasileira. Pura poesia musicada, em ritmo de samba, encontrado escondidinho entre o tecnobrega, o funk e o sertanejo, a R$ 2,50, na banca de piratas do terminal rodoviário da UFPA. Ouvi e me lembrei daquelas tardes que passava com meu avô.

Bons tempos aqueles! Não falo do tempo da minha adolescência: fase complicada para uma criatura mal ajustada como eu... Falo, sim, dos tempos da bossa nova, do samba canção, do ie ie ie e da jovem guarda, que me fazem sentir saudade de uma época que eu nunca vivi. A música é velha, o estilo antigo e a composição um tanto quanto ultrapassada, mas a mensagem permanece atual e a melodia agradável aos ouvidos, à alma e ao coração.



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Eu estava sozinha em casa, em uma daquelas tardes, quando, no número 5 da rua em frente, meu avô morreu. Parada cardíaca. Encontrei ele na rede, um livro no colo. No toca-discos, Gonzaguina cantava "É a vida, é bonita e é bonita...".

Vô, esse samba é pro senhor!

Saudade ;)


Para ouvir outras músicas inesquecíveis, clique aqui. Alguma dessas já marcou momentos de sua vida? Me conta!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Realidade de mentirinha

Está no ar a vida fácil e fútil sob o olhar de Manoel Carlos. As novelas do Maneco são famosas por trazer uma visão particular sobre o cotidiano, por colocar no horário nobre dramas comuns a todos os seres humanos... Será?

De fato, o divórcio, por exemplo, que é um dos conflitos vividos por Lília Cabral no papel de Tereza na nova "Viver a Vida", ocorre em todas as classes socias. Mas a separação da novela das oito requer a difícil decisão sobre quem vai ficar com o jatinho e quem vai ficar com a mansão de Búzios: isso em nada se aproxima da vida real, na minha opinião.

Não acredito que as pessoas comuns se identifiquem com os personagens de Maneco, a não ser uma minoria de classe média alta. O povo que é o povo assiste não porque se encontra nesses melodramas vazios e elitistas, mas para fugir da vida dura e sem graça do "cotidiano do dia a dia diário".

Os faniquitos de uma modelo mimada, como os interpretados por Aline Moraes na nova novela, para alguns, pode ser muito mais divertido do que a simples realidade. "Sei lá, sei lá. A vida é uma grande ilusão", como diz a música de Toquinho e Vinícius, cantada por Chico Buarque e Miúcha na abertura de "Viver a Vida" (ouça aqui).

A "vida real" de Manoel Carlos só existe na telinha do horário nobre, quiçá nos últimos dois minutos do capítulo do dia, quando um telespectador dá um depoimento de não-ficção, recorrente nas histórias do autor, assim como a protagonista Helena, que dessa vez é negra, rica e super modelo (Taís Araújo). Ela seria uma em um milhão na sociedade brasileira se não fosse pura fantasia!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Aos curiosos

Para quem quiser saber: "entre mortos e feridos salvaram-se todos". Eu até que me saí bem na mesa-redonda sobre "Blog: teconologia, comunicação e moda", que fez parte da programação do evento "Café com Moda", promovido pela Unama, no último dia 14/09.

No início, fiquei nervosa, mas depois engatei a primeira e segui "de com força", embora com leves solavancos no inevitável "é... é... é...". Mas creio que não foi nada mau para uma palestrante de primeira viagem como eu.

Não! Não postei vídeo algum no youtube com a minha performance. O meu mico foi exclusivo para a plateia muito bem representada por jovens autênticos e bem vestidos, alunos do curso de Bacharelado em Moda, cujos olhares atentos e sagazes deti em minha direção pelos 15 minutos mais longos da minha existência.

Aqui, basta a informação de que consegui passar o recado que pretendia dar sobre o blog enquanto ferramenta de comunicação em potencial. E acho que o povo gostou, pois houve muitas perguntas e as falas dos integrantes da mesa meio que se complementaram.

No mais, devo ter conquistado alguns novos leitores. A estes: "Sejam bem-vindos"!

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Não deixe de visitar o blog lançado na ocasião pelos futuros estilistas e fashionistas da Amazônia. O Fazendo Moda já está no ar! Vale a pena dar uma conferida no talento dessa turma. As ideias estão quentinhas, saindo do forno.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A minha versão dos fatos


Dando certa continuidade ao post anterior, quero falar um pouco mais sobre esse novo, que nem é tão novo assim, espaço de comunicação oportunizado pelo avanço da tecnologia: os blogs. Criados em 1999, os diários on line, como são chamados, ganharam adeptos em todo o mundo, sendo o Blogger.com, mais conhecido como blogspot, o principal expoente do movimento Weblog no planeta, com mais de 15 milhões de usuários cadastrados.

Na minha pretensão de investigar o assunto para um futuro projeto de mestrado, já até aprendi algumas coisinhas interessantes. E, para minha surpresa, esse mês, fui convidada a relatar minha experiência com o Repórter de Sandálias em uma mesa redonda sobre "Blogs: tecnologia, comunicação e moda". Imaginem só, euzinha! A única coisa que sei sobre moda é que não se deve usar top com calça da Gang numa entrevista de emprego. Mas de comunicação, digamos, eu entendo um pouquinho.

Enfim, aceitei o convite. O Repórter de Sandálias não é nem um campeão de acessos e a minha caixa de comentários jamais excedeu a metade de uma dezena (eufemismo para o número 5). No entanto, é um blog e, com ele, dá para se ter uma ideia sobre esse novo estado de coisas que nos permite produzir e consumir informações através da internet. O que estamos presenciando é o nascimento de uma cultura de massa vitaminada pelas potencialidades da World Wide Web. E se você não pode ir contra ela, é simples: junte-se a ela e torne-se um blogueiro você também!

O movimento da maré é exatamente esse. A cada dia, 75 mil novos blogs são criados na rede sobre os mais variados assuntos: jornalismo, literatura, esporte, religião, moda, culinária, cinema, política, artes... uma gama enorme de editorias que deixam qualquer jornalão ou revista de variedades no chinelo (ou sandálias, se preferirem). É nesse sentido que eu diria que os blogs são espaços, sobretudo, democráticos porque permitem a qualquer um ter o seu quinhão no ciberespaço e a todos terem qualquer tipo de informação, podendo, inclusive, comentar sobre elas (menos no blog do presidente Lula, onde não há espaço para comentários do leitor: medo de ser criticado, talvez?!).

Ter ou ler um blog, portanto, significa tornar-se público, seja como produtor seja como consumidor da informação, além de estabelecer um canal de interatividade e interconexão de saberes, ideias ou pontos de vista, que podem ser compartilhados ou contrariados, por internautas do mundo inteiro (vá lá, pelo menos do Brasil, quiçá de Portugal: acesse aqui o mapa de acessos do Repórter de Sandálias).

Sem querer antecipar tudo o que eu pretendo falar durante a mesa-redonda para não ser colocada a prova por universitários sedentos de conhecimento (minha Nossa Senhora das mãos suadas, voz engasgada e joelhos tremelicantes há de me ajudar!), ouso dizer que os blogs, hoje, oferecem-se como alternativas de divulgação aos padrões engessados e, às vezes, inatingíveis, "ofertados" pela grande imprensa e a mídia em geral.

Mas, cuidado! Embora a ferramenta (ou canal) possibilite a parcialidade e o relato subjetivo da realidade, é preciso estar atento ao feeling de abordagem para não se aventurar com textos (ou posts) por demais egocêntricos. Se você não é a Luly, a Glória Kalil ou o Paulo Coelho (grande coisa!), concentre-se em "blogar" sobre assuntos que avalie como sendo de interesse público. Ainda que seja você a primeira pessoa do seu texto, é o leitor que sempre tem razão.

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A mesa-redonda "Blogs: tecnologia, comunicação e moda" faz parte da programação do Café com Moda, que ocorrerá na Unama da Alcindo Cacela, na próxima segunda-feira, dia 14, às 19h. Não apareça! Rsrsrrs!


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Democratizando a informação

Ele apareceu como um diário virtual, um registro informatizado sobre a vida e os pensamentos de alguns. Hoje, mais de uma década depois, quase todo mundo tem um. Até o presidente da República (acesse aqui o Blog do Planalto).

Ontem, 31 de agosto, foi o dia do blog.

Segundo o site www.blogday.org, o dia foi criado para que blogueiros de todo o mundo tivessem uma data dedicada a indicar outros cinco blogs que achassem interessantes. Assim, os leitores dos blogs conheceriam outros diferentes blogs, no espírito democrático da internet de espalhar a informação.

Aqui vão minhas indicações, mas a minha lista tem seis blogs.

  • Jornalismo
Jornal Pessoal

  • Política
Crápula-Mor

  • Literatura
Todoprosa

  • Cinema
Interferência

  • Moda
Cadicoisa

  • Humor
Bêbadogonzo

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Vale a pena conferir. A informação é grátis e de qualidade.

Ah, e esse post tem trilha sonora. Clique aqui.


sábado, 22 de agosto de 2009

Perguntas certas para a realidade em que vivemos


No palco, ares de lutas incansáveis, voz impostada e articulação nervosa. Na platéia, ouvidos atentos, olhos curiosos, perguntas à espera de respostas. Em debate, os desafios da cobertura jornalística sobre o meio ambiente na Amazônia.

Marina Silva visitou Belém essa semana e falou para uma pequena parcela de seus possíveis futuros eleitores sobre a necessidade de ressignificar a mídia de atualmente diante da inevitabilidade em tratar questões ambientais.

A senadora, que já foi ministra do meio ambiente, conceituou sustentabilidade ecológica e falou que a sustentabilidade também deve existir em caráter econômico, político, estético e cultural e lembrou que a questão está entre os temas estratégicos que devem ser colocados em debate, atualmente, no Brasil.

Marina destacou ainda que, em tempos de aquecimento global e outros grandes problemas ambientais que marcam a história de nossa geração, existe uma tedência equivocada de flexibilização da legislação voltada à preservação ecológica e exploração dos recursos naturais, que entra em conflito com as reais necessidades do planeta ao não buscar consonância com as metas mundiais de redução da poluição e destruição do meio ambiente.

A candidata presidenciável às eleições de 2010 pelo Partido Verde (PV) ressaltou que essa tendência pode se justificar por outro grande defeito brasileiro: a carência de valores éticos e morais duradouros entre as autoridades políticas do nosso país, uma vez que iniciativas como as açães voltadas para a sustentabilidade em todas as suas formas de aplicação deveriam advir naturalmente de um princípio ético da condição humana e não de uma palavra de ordem.

Para minimizar ou amenizar os problemas ambientais do planeta, a ex-ministra disse que é preciso atitudes generosas aliadas a um governo democrático e transparente, que estimule a sociedade a dar o melhor de si onde mais for necessário, como no caso da Amazônia.

Com um fôlego incansável, recordou do episódio de construção da Hidrelétrica de Belo Monte e de como os acontecimentos consequentes ocorreram conforme o previsto e que tudo poderia ter sido evitado se tivesse havido diálogo político e social. E, em meio a aplausos e gritinhos de "Marina Silva, presidente!", concluiu que não se pode sustentar uma governabilidade a qualquer custo.

Muitos brasileiros, hoje, vivem em uma situação que se pode denominar de analfabetismo ambiental ao não conhecerem as causas e as dimensões dos efeitos que podem ser gerados , por exemplo, pela "montanha" de lixo deixada na areia de uma praia após um fim de semana de julho. É aí que entra a grande missão do jornalismo ambiental, ramo do jornalismo científico, que tem como objetivo transformar o conhecimento "técnico" sobre a natureza o mais acessível possível a todo tipo de público.

O desafio para a ressignificação da mídia no tratamento desse tema, portanto, principalmente na Amazônia, passa não somente pela sensibilização do povo para que sejam mais solidários com as gerações futuras ou em trabalhar tecnologia para se ter o maior alcance e abrangência de recepção em regiões de largas extensões territoriais, como o Norte do Brasil, mas passa também pela dimensão do conhecimento.

Não temos na imprensa local jornalistas especializados para falar sobre meio ambiente ou sobre a Amazônia na própria Amazônia.

O que falta aos profissionais jornalistas de nosso país é o conhecimento sobre como fazer jornalismo ambiental nos mais diferentes cenários e saber fazer as perguntas certas para contemplar a diversa realidade brasileira na tentativa de levar ao povo a compreensão de que o homem só alcançará o verdadeiro sentido de sustentabilidade quando entender a Terra como um prolongamento do seu próprio corpo.

Para reflexão, fica um poema recitado por Marina:


Arco e Flecha

Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.

Sendo assim não terei arma,
Só assim não farei a guerra.
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

E a coisa só faz piorar

Essa história do Edir Macedo...

A Globo, é claro, aproveita para resgatar algumas das ovelhas (leia-se audiência) perdidas para a TV Record.

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Saiba mais:

Bispo Edir Macedo é indiciado por lavagem de dinheiro
Altruísmo Empreendedor




terça-feira, 11 de agosto de 2009

Orgulho Nacional

Eu nunca fui muito fã de esportes. Desde criança, eu era daquele tipo de aluna que sempre arranjava uma desculpa para faltar as aulas de educação física: cólica, dor de cabeça, unha encravada... Não que eu seja sedentária. Gosto de me exercitar, mas não com espírito competitivo e com nada que me faça enfrentar pessoas maiores que eu ou objetos, como bolas, vindo em minha direção em alta velocidade. O máximo que fiz, na minha infância, foram alguns meses de natação, só que nunca cheguei a evoluir da piscina média para as raias olímpicas.

Durante muito tempo, por isso, me acostumei a assistir futebol ou qualquer outro jogo somente em época de copa ou olimpíadas (nem os Re x Pa paraenses chamam minha atenção), de modo que, faltando 10 minutos para acabar o Jornal Nacional, quando sempre entravam no ar as notícias do esporte, eu mudava de canal, pegava um livro ou procurava outra coisa pra fazer, pois isso queria dizer que tudo que poderia me interessar naquela edição já tinha sido exibido.

De umas semanas pra cá, no entanto, a cena mudou. Não sei se por uma estratégia para segurar a audiência ou se por uma mudança de julgamento na hora de avaliar e hierarquizar as informações mais importantes do dia, o JN tem trazido as notícias de esporte primeiro, por exemplo, do que as da de editoria de política, como hoje (edição do dia 11/08/09) em que a prata do vôlei masculino veio antes dos desdobramentos sobre o caso Sarney.

Lembro que, dia desses, eu que nem sou fã de esporte até me emocionei com uma matéria de destaque, no mesmo telejornal, sobre a vitória de César Cielo, "o novo imperador das águas", que entrou para a história da natação brasileira: "Este grande brasileiro agora pertence ao mundo. E graças a ele o mundo gosta um pouco mais do Brasil", disse a reportagem. O VT teve direito a cenas em câmera lenta, sobe som com o hino nacional e até homenagem com replay da competição que levou o nadador ao pódio.


Não querendo desmerecer as conquistas dos atletas brasileiros e tudo bem que as notícias sobre política, no nosso país, ultimamente, não têm merecido luzes de holofotes, só gostaria de chamar atenção para este pequeno detalhe de ordem que pode até parecer banal, mas que reflete um fundo de verdade no boato de que brasileiro só tem orgulho da pátria e amor nacional quando o assunto é carnaval ou esporte.

Não é para menos. Com tanta baixaria no Senado, realmente, o Brasil das medalhas de ouro e torcidas empolgadas é muito mais atrativo. Para o nosso time de senadores, que parece estar jogando contra, resta: o último bloco....

Uma boa noite para você!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Breve instante de luz

Um dos filmes mais belos que assisti em uma das tardes desbotadas do último mês de julho foi "O Escafandro e a Borboleta" (Le Scaphandre et le Papillon/França 2007). Um filme que me fez pensar.

Sempre fui sacaneada pelos meus amigos por preferir os filmes das prateleiras de Oscar, Cult, Estrangeiros... enfim, sabe aqueles filmes que ninguém escolheria só pelo nome ou pela capa? Eu vou certeira neles. Não sei bem ao certo porquê. Não sou adepta das sessões de filme alemão, preto e branco e sem legenda: aqueles típicos cinéfilos com óculos de armação preta e que assistem ao filme coçando o queixo e acenos afirmativos de compreensão, como me acusam de ser. Não sou assim,. Apenas aprecio os filmes que trazem em seus roteiros mais do que explosões, carros de corrida, super heróis e os rostos bonitos de Hollywood.

"O Escafandro e a Borboleta" é um filme premiadíssimo, considerado cult, francês e baseado em uma história real. Calma, calma... É sério!! Apesar de ter todas as características que compõem o típico estereótipo das "películas" preferidas da turma dos pseudo-cults, o filme é realmente muito bom. Não tenho hábito de opinar sobre cinema aqui no blog (e isso está longe de ser uma crítica), mas não posso deixar de recomendar aos amantes da sétima arte que apreciem esse filme em particular, que é original do início ao fim. A começar pelo roteiro: imagine um ser humano prisioneiro de seu próprio corpo! Após sofrer um derrame cerebral, o personagem principal, Jean-Dominique Bauby, um editor de uma famosa revista francesa, fica paralisado dos pés a cabeça e só consegue mover o olho esquerdo, um caso raro da Síndrome do Encarceramento (Locked-in Syndrome).

Sim, o filme é uma lição de vida, um soco no estômago, uma história de superação... mas não cai no lugar comum. Inicialmente, Bauby se recusa a aceitar seu destino, no entanto, com o passar do tempo ele percebe que apesar de ter o corpo estático, sua memória e imaginação continuam em movimento e o leva a conhecer coisas, pessoas, sentimentos e lugares que jamais conheceria no estilo de vida e com os valores que prezava antes do fatídico dia em que perdeu-se dentro de si. Poético, não?! Tudo isso é contado por meio de um efeito de câmara subjetiva em que o espectador vê com os olhos do protagonista, enquadramento de cenas e edição de imagens impressionantes, além de um trilha sonora da melhor qualidade, é claro (adoro trilhas!).

Mais eis o que mais chamou minha atenção sobre o filme, tendo em mente que a história é verídica: Jean-Dominique Bauby viveu por um longo tempo sem nem ao menos poder falar, encerrado em um verdadeiro casulo. Para se comunicar, ele piscava o olho esquerdo uma vez para dizer "sim" e duas vezes para dizer "não" e, mais tarde, utilizou um alfabeto em ordem de pronúncia das letras. Ele piscava a cada som que lhe servisse, formando palavras letra por letra, sempre com a ajuda de intérpretes. De palavras, chega a frases e das frases aos parágrafos até ditar um livro inteiro: as suas memórias, que dão nome ao filme.


Imaginem! Escrever um livro com piscadelas! A capacidade de comunicação do ser humano nas mais impensáveis situações é realmente impressionante. Essa necessidade de se comunicar é tão intensa que, mesmo na solidão, o homem é impulsionado a exteriorizar divagações interiores, se não em voz alta, o que o levaria a falar consigo mesmo, escrevendo, o que lhe permite documentar suas reflexões e sensações. Hoje, as maneiras de “falar” ao outro são tantas, que não conseguimos imaginar o mundo sem a linguagem ou sem o texto literário, como forma de expressão da linguagem. Um dia desses, ainda haverei de me tornar borboleta e escrever meu livro. Enquanto isso, de post em post, já posso sentir o cheiro da liberdade que me trarão as asas.






Assista também:


Scoop - O grande furo (Sinopse / Trailler)

Desejo e Reparação (Sinopse / Trailler)

Juno (Sinopse / Trailler)

Good bye, Lenin (Sinopse / Trailler)

Persépolis (Sinopse / Trailler)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fim de férias

Uma tarde tediosa de domingo leva o ser humano aos extremos, ainda mais em fim de férias. Não aguentei a pressão das baladas de verão e decidi ficar em casa no último final de semana, principalmente porque já era agosto. O quente e supersticioso mês de agosto! Me despedi dos amigos que pegaram a estrada e me preparei para uma Belém deserta e silenciosa.

Aluguei filmes, abasteci a dispensa com "porcaritos" de todas as marcas e reuni todos os travesseiros da casa para fazer do meu universo particular o mais confortável possível. Infelizmente, não tinha filmes suficientes para todas as horas úteis do meu dia. Ainda assim, reli os livros da minha prateleira, folhiei as revistas velhas, ouvi todos os meus discos... E o tempo permanecia estático. Não se sente sono quando se precisa dele!

Muito calor. O sol ainda alto. Decidi sair e apreciar o domingo. Dei uma de paraense e fui tomar sorvete ao pôr-do-sol na Estação das Docas. Encontrei muitos visitantes e uma cena várias vezes repetida: fim de tarde à beira do Rio Guamá.

Sentei na orla me sentindo desconfortável por estar só entre tantos casais, famílias e grupos de turistas. Percebi, então, ao meu lado, um rapaz simpático, sozinho como eu. Caminhava em minha direção. "Oba! Companhia!", pensei. Ele parou e sorriu. Vi que olhava para um outro rapaz, atrás de mim, que se aproximou e ganhou dele um beijo na BOCA! Realmente, eu era a única panela sem tampa naquele lugar.

Decidi ir embora, mas parei em uma loja de departamentos no meio do caminho. Comecei pela seção de calçados. Experimentar sapatos extravagantes pode ser bastante divertido. Depois: perfumaria, confecções, lingerie, seção infantil, brinquedos, eletroeletrônicos e, quando estava em cama, mesa e banho, reparei que o segurança me olhava enquanto falava no walk talk. Eu já tinha percorrido todos os departamentos e estava usando uma bolsa bem grande... "Melhor não arriscar a minha sorte".

Me aproximei, então, da saída e, de repente, ouvi um vigoroso "Psiu!". Olhei para trás: o segurança. "PQP, era o que me faltava!". Mas, para meu alívio, ele só queria ligar a escada rolante antes que eu descesse os degraus. "Ufa!".

No caminho de volta, peguei o trânsito mais tranquilo do que em madrugada de segunda-feira. Por um breve instante, imaginei o movimento na Br-316 e senti inveja dos meus amigos veranistas. Encerrei o dia com x-burger, coca-cola e Fantástico... Típico domingo.

Enfim, o mês de agosto!

domingo, 2 de agosto de 2009

Meu amor não tem rosto

Cheguei em casa no início da tarde

como todos os dias

Com fome, almocei uma comida requentada

Subi as escadas, entrei no meu quarto

Fechei as cortinas e tudo escureceu em um tom escarlate

Olhei para o teto por uns quinze minutos

antes de adormecer

Foi a última vez que pensei nele


*****

Eu juro que tinha uma poesia na ponta da língua... Desculpem. Não deu pra segurar.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ABAIXO-ASSINADO EM APOIO AO JORNALISTA PARAENSE LÚCIO FLÁVIO PINTO

O repórter e editor do Jornal Pessoal, de Belém do Pará, Lúcio Flávio Pinto, foi condenado pelo juiz Raimundo das Chagas Filho, da 4ª Vara Cível da capital, a pagar uma indenização de R$ 30 mil aos irmãos Romulo Maiorana Júnior e Ronaldo Maiorana, proprietários das Organizações Romulo Maiorana, uma das empresas de comunicação mais influentes da Região Norte, cuja emissora de TV é afiliada à Rede Globo.

A sentença, expedida no último dia 6 de junho de 2009, refere-se a uma das quatro ações indenizatórias movidas pelos irmãos contra o jornalista que, em 2005, publicou artigo em um livro organizado pelo jornalista italiano Maurizio Chierici, depois reproduzido no Jornal Pessoal, no qual abordava as atividades de contrabandista do fundador das ORM, Romulo Maiorana, nos anos de 1950, o que teria motivado a ação, pois os irmãos consideraram ofensivo o tratamento dispensado à memória do pai. Além da indenização por supostos danos morais, o juiz ainda obriga o jornalista a não mais referir-se aos irmãos em seus próximos artigos.

Lúcio Flávio Pinto, de 59 anos, em quatro décadas de jornalismo é um dos profissionais mais respeitados no Brasil e no exterior. Seu Jornal Pessoal resiste, de forma alternativa, há 22 anos, sem aceitar patrocínio ou anúncios, garantindo a independência de seu editor frente aos temas públicos do Pará, sobretudo na seara política. Por sua atuação intransigente frente aos desmandos políticos, às injustiças sociais e ao desrespeito aos direitos humanos, recebeu prêmios internacionais importantes: em 1997, em Roma, o prêmio Colombe d’oro per La Pace; e em 2005, em Nova Iorque, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection). Além disso, é premiado com vários Esso. É também autor d e 14 livros, tendo como tema central a Amazônia, sendo os mais recentes “Contra o Poder”, “Memória do Cotidiano” e “Amazônia Sangrada (de FHC a Lula)”.

Esse fato demonstra o que significa fazer jornalismo de verdade na capital do Pará: uma condenação.

Por isso, nós, abaixo-assinados, solidarizamo-nos com Lúcio Flávio Pinto, pedindo a revisão de sua condenação em nome da democracia e da liberdade de pensamento.

Para assinar basta postar um comentário com seu nome e RG no blog

http://solidariedadelucioflaviopinto.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Só pra constar

Nem precisa ser cientista social ou comunicólogo para perceber o quanto as pessoas são facilmente sugestionadas pela mídia. Há algumas semanas, Michael Jackson era um cantor falido e esquecido dentre os vários acontecimentos que marcaram sua decadência.

Morto, ele se torna o rei do pop e volta a tocar entre as mais pedidas nas paradas do sucesso em todo o mundo. Milhões de cópias vendidas com direito a corre corre e empura empurra por um DVD do astro a preço promocional nas lojas Americanas.

A mesma mídia que o demonizou com as denúncias de pedofilia e atos de excentricidade, enterrando-o ainda em vida, agora o santifica e o eterniza, tornando-o mais vivo do que nunca.

A morte fez bem ao Michael Jackson. Eu, se fosse ele, teria morrido antes!

domingo, 21 de junho de 2009

Engrosso o coro



Qual o interesse em boicotar a profissão? Ser jornalista, definitivamente não é como descascar batatas...


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"O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (17) derrubar a exigência do diploma para exercício da profissão de jornalista. Em plenário, por oito votos a um, os ministros atenderam a um recurso protocolado pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal (MPF), que pediam a extinção da obrigatoriedade do diploma.

Em seu voto, Gilmar Mendes sugeriu que os próprios meios de comunicação exerçam o mecanismo de controle de contratação de seus profissionais. Ele comparou ainda a profissão de jornalista com a de chefe de cozinha. 'Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área' comparou.".

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Defeito de fábrica

Chega um momento na vida de uma mulher em que simplesmente não é mais possível acreditar nessa história de amor. A gente se acostuma a ser tratada como um pedaço de carne e é só isso que passamos a ver quando olhamos no espelho.

De um tempo pra cá, eu até aprendi a ter auto-estima e a me dar mais valor, mas é difícil quando tudo que esperam de você é fetiche, pura fantasia de um corpo sem rosto e sem sentimento.

Não é tão simples, não é uma questão de se sujeitar ou se prestar ao papel. É cultural... Herança da Revolução Industrial, uma sociedade capitalista que quer mulheres fabricadas em série e em larga escala, educadas para satisfazer desejos.

Eu não concordo com isso, não queria que fosse assim, mas é assim que é. Queria poder ainda acreditar em romance, mas é simplesmente impossível nesses tempos em que se preza mais pela quantidade do que pela qualidade.

É por isso que querem me queimar na fogueira quando falo com muita naturalidade que mão acredito nesse tal amor e nem espero mais ser arrebatada em uma manhã de verão pelo príncipe no cavalo branco. A essa altura do campeonato, o mínimo que eu exijo é um pouco de educação, alguns elogios, quem sabe carinho...

A minha natureza (humana, do tipo fêmea), não vai me impedir de, no dia seguinte, criar expectativas sobre telefonemas e segundos encontros, mas isso é só por força do hábito.

Em alguns momentos de fraqueza, também pode acontecer de eu desejar um abraço quente e protetor, um cafuné no cabelo e um buquê de flores, mas nada que um cartão de crédito, uma caixa de chocolates e uma pizza com bastante queijo não resolvam.

Amanhã, talvez, quem sabe, eu conheça alguém que realmente valha a pena... ou não!!! Nããããoooo. Isso é conto de fadas. Eu já passei dessa fase.

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Mas, para os que amam: Feliz dia dos namorados!!


Fazer o quê? O amor vende!!

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sábado, 30 de maio de 2009

Quão longe pode ir um pensamento?

Sábado, 15h30. Hora da cesta. "Onde estou?". Sala de aula. A Linguagem e o Texto Literário. O professor fala qualquer coisa sobre a ordem do discurso, de Foucault. Viagem pesada é coisa pouca! E olha que eu estava sóbria. Porre mesmo só de sono.

A tarde é cinza e, na janela, uma paisagem de outono: folhas secas no gramado. "Quando eu me tornei tão seca quanto aquelas folhas?".

"Rememoração", "vínculo inconsciente", "delírio"... Fragmentos de discurso, repentes de compreensão. Agora, toda a linguagem é produzida dentro de um delírio. "Seca de emoções, mas não de idéias".

Minha visão treme. Tento focalizar o professor, mas meu olhar vai além. Reparo o encardido na parede. Percebo a lousa vazia. Tempos em que o quadro é branco e não negro. "O que preciso saber?".

O assunto da aula dialoga com a filosofia de Aristóteles e de Platão. No entanto, quem me vem a mente é Sócrates e o "só sei que nada sei". "Quando foi que me tornei tão vazia quanto aquela lousa?".

Não, definitivamente, não é literatura para deleite. Tem algo mais. É rigor acadêmico.

Somados a esses deliramentos, me imagino, em meio a classe, soltando um grito de liberdade. "Vazia de doutrinas e de teorias, mas não de pensamentos e atitudes".

Me controlo.

"O absoluto existe. Existe a ciência. Sabedoria total". É o discurso do mestre. Resguardo minha a aversão ao conhecimento totalizante. "Qual o temor em ser descoberta?".

A busca do absoluto é uma piada. Entre a ignorância e o esquecimento, erros e falhas são condições da humanidade.

Para além da lógica do "penso, logo existo" de Descartes, "erro e ignoro, portanto sou", filosofo eu mesma (SANDÁLIAS, Repórter. 2009).

Saio da aula meio tonta. Quisera eu que a brancura na minha mente, naquela hora, fosse o reflexo da pureza do conhecimento. Mas não. Tudo são aparências...

Conclusão: "preciso estudar"!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Chove, chuva!


Já disse outras vezes por aqui que eu vejo a vida em frames... Volto a esse assunto hoje só para falar de mais esse episódio do cotidiano que se repete, repete e repete de modo particular a cada novo momento, como se nunca tivesse acontecido antes. Me refiro aos dias chuvosos. E quase todo dia chove na Amazônia.

Quando o céu muda de cor, a luz do sol enternece, o ar cheira umidamente e o vento sopra mais forte e gelado, é só levantar o rosto, olhar pra cima e esperar as gotas caírem. É curioso perceber que as cenas de chuva, nessa cidade são sempre iguais e, ao mesmo tempo, sempre diferentes, porque são interpretadas de maneira diferente por cada olhar.

Cenas de amor: mãos que conduzem outras quando surpreendidas pela chuva inesperada, corpos que se abraçam para se protegerem sob a mesma sombrinha... Cenas de comédia: pés calçados se enfiando desastrosamente nas poças, escorregões nas calçadas molhadas, guardas-chuva arrebatados pelo vento... Cenas trágicas: bueiros que se entopem, canais que transbordam, ruas alagadas e casas inundadas... Cenas de solidariedade: pessoas que se encolhem sob as marquises para dar lugar a mais alguém, mutirões de vizinhos formando barricadas e suspendendo mobliários e eletrodomésticos do alcance das águas.

Eu gosto da chuva. Gosto de como ela cai e lava cada pedacinho sujo de telhado, gosto do barulinho das goteiras que escapam pelas arestas e gosto do balé das gotinhas nervosas que dançam nas vidraças dos parabrisas contra a força do vento. Gosto das formas que os pingos fazem ao atingir as poças e gosto de identificar os pequenos objetos como pedras, tampinhas de garrafa e coisas perdidas nas correntezas do meio-fio.

É muito legal esperar atenta e notar que a chuva provoca diferentes sons ao encontrar diferentes superfícies. Gosto de ver as praças vazias e molhadas, gosto de ver as copas das grandes mangueiras balançarem com o furor das águas vertidas por nuvens que choram. Gosto das vassouras atrás das portas, dos sóis desenhados a giz nas calçadas na esperança ingênua de que isso faça com que pare de chover, das crianças que esperam a chuva cair para sair de casa, correr e jogar bola, espirrando lama sob seus pés.

Em dias de chuva, gosto de olhar pro horizonte e saber que o rio está lá, mesmo embaçado. Gosto da sensação de aconchego de chegar em casa molhada, me secar e trocar de roupa. Gosto da expectativa que sentimos, tão logo a chuva comece, sobre o momento em que ela vai parar. E gosto mais ainda de saber que, mesmo ela parando agora, amanhã vai chover de novo.

É claro que a chuva tem seus incovenientes. Algumas vezes, ela nos deixa ilhados, nos faz chegar atrasados, nos deixa em casa de molho em pleno sábado à noite, nos estraga o visual do cabelo recém escovado, causa pane nos motores dos nossos carros e nos faz ficar gripados... :p Mas as cenas de chuva são as melhores. E um pouquinho de lirismo não faz mal a ninguém.

domingo, 24 de maio de 2009

Manifesto contra o Sistema

Que raios de entidade quase mística é esse tal de Sistema? Ele é onipresente, onipotente e decide sobre a vida de todo o mundo.

Dia desses, 10h da manhã, arrumo uma brecha nos afazeres e vou ao banco pagar uma conta. Primeiro, recorro ao caixa eletrônico, mas eis que recebo a seguinte mensagem: "Sistema fora do ar, dirija-se a outro terminal ou procure a agência mais próxima".

Resolvo entrar na agência bancária, templo sustentado pela entidade em questão, e me deparo com uma cena apocalíptica: clientes aos berros desesperados, gerentes estressados, computadores em pane... Todos à mercê do Sistema.

Respiro fundo e decido voltar para o escritório. Mesmo sendo o dia de vencimento da conta, posso fazer o pagamento pela internet. "Afinal, tecnologia tem que servir para alguma coisa! ".

Tento, então, acessar o site indicado, mas para a minha surpresa: "Falha no carregamento. Sistema de rede não encontrado".


"Calma", disse para mim mesma, já pensando nos juros que me renderiam o atraso no pagamento. Ainda tenho uma opção. Há um posto de serviço bancário na farmácia da esquina de casa.

No fim do dia, fui até a tal farmácia. Uma pequena fila de pessoas esperava pelo mesmo atendimento. Aguardei pacientemente e quando chegou a minha vez:

- Desculpe, não podemos receber seu pagamento - disse a mocinha nada simpática do caixa.

- MAS POR QUÊ? - perguntei.

- O Sistema não permite. Só recebemos contas no dia do vencimento até as 19h.

Olhei no meu relógio. Faltavam 3 minutos para as 19h. Mas, no relógio do Sistema, já eram 19h01. Tarde demais...

"Não é possível, joguei pedra na cruz do Sistema!", pensei. Minha penitência: pagar juros.

Será que adianta rezar?

Oh! Venerável e absoluto Sistema... EU NÃO QUERO SER PERDOADA!!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Tributo



Há 20 anos ele se foi....

Ele se foi???

Revolucionário, controverso, explosivo, visionário, louco, esotérico... Para citar algumas maneiras de se fazer imortal. Além da música, é claro!!

Eternamente, "toca Rauuuuul"!!

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"Ninguém morre, as pessoas apenas despertam do sonho da vida."

(Raul Seixas - Discografia)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cuidado, pode ser contagioso!

  • O contexto
Mãos brancas, braços fortes, ombros largos. Eu já o tinha notado antes no saguão de embarque. Sentei-me na poltrona vazia ao seu lado. Ele ocupava a da janela.

- Com licença, boa noite! - eu disse.
- Boa noite! - ele respondeu educadamente, abrindo um belo sorriso.

Foi o suficiente para que, em poucos segundos, eu nos imaginasse passeando de mãos dadas, dividindo a pipoca no cinema e fazendo planos para o futuro ao pôr-do-sol...

"Engraçada, para não dizer ridícula, e até muito incoveniente essa necessidade que o ser humano tem de afeto", pensei.

Mas a viagem era longa. Nem um dos dois tinha sono. Conversamos durante todo o percurso sobre assuntos como o tempo, o motivo de nossas viagens, a gripe suína... (Hein?! Calma, eu explico).

Saímos juntos do aeroporto e, ao nos despedirmos, trocamos contatos.

Nunca mais o vi, mas me senti menos só naquela noite.

*****
  • A viagem
Qual o outro lugar socialmente instituído que melhor representa o ritmo e as particularidades da sociedade contemporânea? Os aeroportos são os pontos de convergência e também de difusão das práticas e vivências da vida (pós)moderna.

E não estou falando disso somente por conta da nova epidemia mundial de gripe suína. Bastou o breve momento em que o vírus encontrou o ar daquele ecossistema de vida pulsante e acelerada pela primeira vez para se proliferar rapidamente e ganhar o mundo sem nem precisar de passaporte.Percebi que, cada vez mais, atualmente, as experiências individuais, embora fragmentadas, se tornam instantaneamente globalizadas. Pessoas que nunca se viram ou que mal se conhecem relacionam-se entre si ou estão de alguma forma conectadas, se não pela carência emocional que têm em comum, pela propensão de suas vias aéreas em hospedar vírus altamente contagiosos, ou por qualquer outra coisa parecida.
  • O retorno
Mas o vírus já está quase mundialmente controlado. Localmente, minha recaída por afeto também. Fica a certeza de que as relações e as tendências contemporâneas são de natureza volátil e inconstante. Surgem e se diluem com a mesma facilidade de nuvens que se desmancham no ar.

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Pelo menos escapei da gripe suína... :p

Rsrsrs, viajei nesse post!!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Deixa eu dizer o que eu penso

Esse post tem trilha sonora (clique aqui)

Eu não sei porque, mas sempre carreguei comigo a certeza de que morrerei cedo, de que não viverei muito a ponto de testemunhar mais uma troca de gerações. Minha existência será breve e sem grandes feitos. Medíocre, em uma definição mais exata.

É uma profecia um tanto quanto mórbida, eu sei... Não tenho mesmo o dom de prever o futuro. Muito pelo contrário, sempre tive um dos pés fincados no passado, junto com a sensação de que eu nasci na época errada. Sou realmente uma romântica incorrigível, infelizmente.

O que eu estou querendo dizer é que não me orgulho de fazer parte dessa geração do século XXI. Me enquadro muito bem na descrição do Renato Russo sobre burgueses sem religião, é verdade, apenas não me identifico com as criaturas inertes que há aos montes, de braços cruzados, fazendo compras ou jogando vídeo games sem se preocupar com os problemas da nação.

Não estou dizendo que eu sou do tipo que sai por aí empunhando bandeiras e berrando em megafones (sem querer desmerecer a militância dos companheiros e companheiras), mas procuro lutar pelas causas em que acredito da maneira que eu posso. Por isso escolhi o jornalismo como profissão, na tentativa de desempenhar uma função social ao assumir um compromisso com o interesse da coletividade e com a difusão da informação.

Essa semana, no entanto, fui acusada de conformismo e de agir como alguém que apenas segue ordens e respeita hierarquias. Essas palavras vieram como um soco no estômago, me tiraram o fôlego. A imagem de alguém assim sempre foi o que eu mais abominei.

A acusação veio porque estou atuando em um ramo da Comunicação que pressupõe a prática de um jornalismo típico de corporações e governos comprometidos com a realidade, mas sempre orientado para o não conflito e a convergência: o jornalismo institucional. Quem trabalha com jornalismo institucional faz críticas sim, mas diretamente às lideranças das organizações, sem publicá-las. E quando as publica é dentro de uma estratégia determinada, com sinal verde daqueles que efetivamente decidem.

Entendo o teor da acusação e admito que sou bastante disciplinada e um tanto quanto acomodada, mas não sou conformista. A questão é que mudaram os tempos e, com isso, também se modificaram as formas de luta.

É fato que dos anos 30 pra cá, a sociedade mudou bastante. Dentre brasileiros mortos, exilados, torturados e presos políticos, salvaram-se uns poucos que, mais tarde, ainda puderam ver seus filhos tirarem as roupas e pintarem as caras em protesto contra um presidente corrupto e inescrupuloso. Conseguiram o impeachment.

Nesse ínterim, porém, popularizaram-se as festas de carnaval, a paixão pelo futebol e os prazeres proporcionados pelas mais diversas práticas de consumo.

Não vivi a censura do Regime Militar no Brasil, não tive a experiência de ter totalmente negado o meu direito de expressão... por isso, apenas posso imaginar as dificuldades que meus colegas de profissão devem ter passado naquela época. Talvez por isso, também, eu não perceba tão facilmente as formas de censura que ainda hoje se manifestam, como observou o meu acusador, embora eu concorde que o conceito de liberdade é muito relativo, principalmente o de expressão e ainda mais no âmbito jornalístico em que, muitas vezes, os compromissos empresariais acabam condicionando determinada conduta editorial, postura política ou acordos com anunciantes em detrimento da qualidade da informação e respeito ao interesse público.

A verdade é que toda a forma de pensamento e expressão atualmente continua, de certa maneira, sendo cerceada, se não pela censura tradicional do Regime Militar, pela censura capitalista de nossos patrões ou por aquela que nos impõe nossos próprios pré-conceitos, visão de mundo, interesses particulares, necessidades materiais, paradigmas internalizados...

Com isso, não estou querendo propor que devemos naturalizar os padrões estabelecidos e simplesmente obedecer as imposições conforme chegam até nós a fim de garantirmos nosso bom emprego sem buscar fazer a diferença na profissão ou na vida e apenas cumprir ordens. Não! Se você está insatisfeito com o que lhe for exigido profissionalmente e tiver a opção de largar tudo para procurar algo melhor, largue, como eu mesma já fiz. Se não, lute com as ferramentas que você tem para, aos poucos, conforme for ganhando espaço e a confiança das pessoas que dependem do seu trabalho, alcançar suas próprias conquistas.

Eu faço jornalismo institucional, sim, mas, acima das picuinhas políticas que rivalizam as categorias de profissionais que ali atuam, tento desempenhar meu papel de maneira ética e com as habilidades que me são possíveis. A censura sempre existirá, mas farei a minha parte e cumprirei minha função social. No mais, de que adianta se rebelar contra tudo e todos, gritar palavras de ordem e permancer de mãos atadas.

É preciso usar a voz, sim, só que na medida certa, com a devida intenção e no momento exato, pois, como diria um outro idealista, "a palavra é mais perigosa que a espada, mais inebriante que o ópio e também pode ser mais libertadora do que se pode imaginar". Portanto, jornalistas bem intencionados de todo o Brasil, uni-vos, e usai a palavra como a ferramenta que lhes cabe usar na luta por seus ideais.