terça-feira, 12 de julho de 2011

À meia noite e em todas as horas, em qualquer lugar

Tá, tudo bem, realmente exagerei no último post. Aposentadoria é um pouco demais..., digamos que umas boas e verdadeiras férias, daquelas em que curtimos sombra e água fresca, literalmente de pernas pro ar (com ou sem sadálias), resolvam o meu problema. Pena que não é o caso: entrarei de férias pela metade, pois continuarei trabalhando em casa. Mas já é um bom começo.

Essa história de pular de fases ainda me rendeu muitos pensamentos essa semana.

Eu estava justamente refletindo o quanto o ser humano parece ser um eterno insatisfeito com a vida, o tempo e o presente momento, quando me vi, me encontrei, me identifiquei (e outros sinônimos afins) - em total sentimento de catarse - com o dilema do personagem principal do Meia Noite em Paris, primeiro Woody Allen que assisto no circuito comercial e que já é sucesso de bilheteria em todo o mundo.

E não apenas: também me vi no papel da coadjuvante, noiva do personagem principal, sempre reclamando de tudo... Já explico.

Como sempre, as tramas do Woody Allen transcorrem lentas e com simplicidade, mas com cenas que surpreendem a cada dez minutos de filme e terminam com uma grande sacada que muda o sentido da nossa existência.

Estar em Paris faz com que o personagem principal, depois de muito tempo de olhos vendados, volte a se questionar sobre os rumos que até então vinha dando a sua vida, resgatando em seu íntimo o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido, como os imortais que marcaram época na capital francesa dos anos 20. E o sonho é tamanho que o permite viver uma aventura fantástica em que viaja no tempo e conhece pessoalmente os literatos que sempre admirou e foram sua fonte de inspiração.

Tempo é a palavra-chave no roteiro. É indo e vindo dos anos 20 aos anos 2000 que o personagem percebe que não é preciso estar em outra época, seja no passado ou no futuro, para viver intensamente e dar vazão aos seus desejos mais sinceros, basta se permitir e arriscar sem medo de ser feliz. A vida é o presente e estar satisfeito com ela só depende de nós mesmos!

E com esse aprendizado percebi o quanto, tantas vezes, me comportei como a antipática do filme, a noiva chata, perfeccionista e um tanto fútil, que está sempre reclamando de alguma coisa e acha que a felicidade está em conceitos pré-definidos pela sociedade do que é belo, culto, politicamente correto, economicamente rentável... Não quero ser assim!

É por isso que eu retiro o que disse no post abaixo. Vou tentar viver o presente em sua plenitude, aproveitando cada segundo dos bons momentos e tentando, por mim mesma, modificar o que não me agrada, correndo atrás dos meus sonhos e me permitindo realizar os meus desejos mais bobos, sem esperar que a solução para qualquer coisa venha do aquém ou do além-tempo do que eu esteja, aqui e agora, experienciando.

O que um Woody Allen não faz com a vida da gente!!

:)

Assista ao trailler aqui.

sábado, 2 de julho de 2011

Dolce far niente

É até clichê utilizar o espaço dos blogs para falar sobre os pequenos prazeres da vida, mas, com tanto trabalho, ultimamente, apenas consigo pensar o quanto é prazeroso acordar em uma manhã de sábado e não ter absolutamente nada para fazer. Claro que esse não é o meu caso, tanto que até escrever no blog, um dos pequenos prazeres a que sempre gostei de me dedicar, tem ficado cada vez mais difícil.

A verdade é que sempre vivemos as fases de nossas vidas na expectativa de poder chegar logo na próxima. Por exemplo, hoje lembro com saudade dos tempos de colégio, quando a responsabilidade resumia-se ao dever de casa, após o soar da campa de saída. Tinha tardes inteiras para assistir "vale a pena ver de novo", comer brigadeiro de panela e fofocar ao telefone com as amigas. Para as provas bimestrais, nada que uma lida de véspera no resumo das matérias não resolvesse.

Na época, o que eu mais desejava era completar logo os 18 anos e entrar na faculdade. Não vou negar que a maioridade também tem os seus prazeres, mas, daí para as responsabilidade maiores é um pulo só. Tão logo nos formamos, temos que arrumar o emprego ideal e ser alguém na vida. Mas isso não basta. Depois, temos que fazer pós-graduação, estudar para concurso, organizar casa, casamento e ter filhos... Faz anos que não sei o que é assistir sessão da tarde com um balde de pipoca no colo! Hoje percebo o quanto eu era boba ao reclamar disso, dizendo: "mãnhêêê, não tem nada pra fazer....". A resposta vinha sempre com um "vai lavar louça, minha filha, arrumar o quarto, varrer a casa...". Isso não vale!

Para seguir o curso natural das coisas, talvez no futuro eu me arrependa, mas, a fase que estou vivendo agora me faz, desde já, ficar ansiosa pela aposentadoria, quando poderei desfrutar como nunca dantes, bem ao estilo italiano, o doce prazer de não fazer nada :)

"Eu quero uma casa no campo, onde eu possa ficar do tamanho da paz e tenha somente a certeza dos limites do corpo e nada mais...".