Sou leitora da revista IMPRENSA e fiquei impressionada com a trajetória profissional do jornalista Daniel Pizza, entrevistado do mês na edição de jan/fev de 2008. É inspirador saber que existem jovens e bons jornalistas que ainda conseguem alcançar destaque e reconhecimento profissional em um mercado tão restrito e competitivo como o brasileiro, principalmente no que se refere ao jornalismo cultural.
Bom seria se histórias de vida como a de Daniel Pizza não fossem raras exceções, pois, é sabido que, hoje em dia, não basta apenas o talento e a habilidade para que o jornalista consiga um lugar ao sol no centro de produção cultural brasileiro. Infelizmente, as oportunidades não são iguais para todos e, mais do que competência,um jornalista precisa de sorte e bons contatos para consolidar uma carreira.
O fato é que, em nosso país, temos a cultura de valorizar muito mais o material do que o intelectual. Existem muitos bons profissionais no mercado, de excelente formação, que não conseguem se sobressair dentre os que possuem o famoso QI (Quem o Indique) no âmbito das empresas jornalísticas, em especial em redações e conglomerados de informação tão tradicionais e familiares, que predominam em cidades ainda tão provincianas como a nossa capital paraense.
O resultado disso é a (re)produção de um jornalismo que fica no “lugar-comum” da abordagem cotidiana, que não inova, não evolui e não reage aos padrões ditados pela sociedade do consumo. Talvez esteja aí a motivação para a afirmação de Daniel Pizza de que “as revistas culturais brasileiras, em geral, estão todas muito ruins” e de que “jornalismo sofisticado não dá certo no Brasil”.
Para além do negativismo diante da situação, é preciso analisar a questão de forma realista. Se mais do que vender, o interesse das editoras de revistas culturais no Brasil, por exemplo, fosse oferecer jornalismo de qualidade, verdadeiramente informativo e educativo, a produção cultural no país não seria tão simplista, simplória ou banal.
O nível cultural dos leitores brasileiros não aumenta, porque não se investe no nível cultural dos jornalistas e produtores de informação. Faço minhas as palavras de Pizza ao dizer que “é preciso saber o que o leitor quer, mas não dar a ele só isso. Tem coisas que ele nem sabe que quer”. Se o consumidor só tem a opção de cultura de massa para consumo, como poderá imaginar o quão agradável é a cultura erudita? O grande erro dos conglomerados jornalísticos é oferecer resistência à diversidade, tanto no que se refere a conteúdo quanto no que se trata de quadro de pessoal.
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