quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Jornalista Bombril

É engraçado notar como o perfil dos jovens que, hoje, ingressam nos cursos de jornalismo mudou com o decorrer do tempo. A minha imagem mental do estudante de comunicação, formada por garotos de all star azul, cabelo despenteado e barba por fazer; e por garotas usando sandálias de tiras, vestidos coloridos e bijuterias artesanais foi substituída por figuras de blazeres e terninhos, óculos de armação preta e sapatos sociais de couro lustroso.

Longe de mim querer julgar as pessoas pela aparência, mas, vamos combinar, foi-se o tempo em que os estudantes de jornalismo eram os que encabeçavam os protestos universitários, se manifestavam publicamente contra injustiças sociais e se aventuravam em projetos que exigiam apenas “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”.

O jornalista da Geração Coca-cola está muito mais interessado no glamour oferecido pela chance de aparecer na telinha, de anunciar a previsão do tempo no horário nobre, de entrevistar artistas e personalidades de renome, freqüentar os lugares mais badalados... Enfim, se aproveitar da fama, do status e do poder simbólico garantidos pela profissão.

Não querendo generalizar, pois toda a regra tem sua exceção, mas é desestimulante, por exemplo, ver trajetórias de repórteres que começaram com muita seriedade e consciência política, noticiando fatos como a queda do Muro de Berlim, no século passado, terminar quase com um nariz de palhaço no auditório do Big Brother Brasil, apesar de seus cabelos brancos, no século XXI.

A verdade é que a mídia da atualidade passou a fazer de tudo e de todos um autêntico espetáculo. E para atuar neste novo campo, os profissionais da nova geração do jornalismo brasileiro têm que adaptar suas personalidades para mil e uma utilidades.

Um comentário:

Thiago Batista disse...

Olha, eu não sou do curso de jornalismo, mas pretendo ser. E quero dizer que concordo contigo, por isso que já estou sonhando, se der tudo certo e eu consiguir passar pra jornalismo, pretendo fazer muita onda, barbarizar, hahahaha. Não pretendo ficar "sentado num trono de apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar"